Por Thiago Damasceno P. Milhomem
(Mestrando em História
pela Universidade Federal de Goiás)
Revisão textual:
Priscila Vieira
Revisão religiosa:
Imam ᶜAbdu ṣamad Abu Yahia
“Ó, homens, se adorais a Muḥammad, Muḥammad está morto; se
adorais a Deus, Deus está vivo”. Segundo um relato
tradicional sunnita, assim disse Abū Bakr
após a morte do Profeta Muḥammad,
fundador do Islã e líder do Estado de Medina. Na época de sua morte, a Umma,
a comunidade muçulmana, ficou abalada, pois o cargo de líder da comunidade
ficou vazio. O cargo passou então às mãos dos califas. Abū Bakr foi um antigo companheiro do Profeta e o primeiro califa do Islã, o
primeiro de muitos homens que lideraram a expansão árabe-islâmica para além da
Península Arábica.
Vamos
falar hoje sobre o Califado Ortodoxo ou Rāchidūn, conhecido
na historiografia árabe como “Califado Corretamente Guiado” ou “Califado Bem
Encaminhado”, isso para a vertente sunnita do Islã. Lembrando que aqui vamos
introduzir a história do Islã passo a passo, um pouco de tudo em cada
texto.
Pois bem... Após a morte do
Profeta Muḥammad, houve um período de crise ocasionado pelo vazio na sucessão
ao cargo de chefe do Estado de Medina. Há fontes que dizem que o próprio
Profeta, antes de falecer, deixou a chefia da comunidade a Abū Bakr, seu sogro
e antigo companheiro. Outras fontes dizem que o Profeta faleceu sem nomear um
sucessor, e um círculo de fiéis próximo a ele elegeu Abū Bakr como califa. Esse
termo designa o sucessor do Profeta para liderar a comunidade. Abū Bakr foi
soberano de 632 a 634 e iniciou o tradicionalmente conhecido Califado Ortodoxo,
que vigorou até 661, ou seja, por 29 anos. Depois desse califado, vieram outros
dois, o omíada e o abássida. Sobre eles falaremos no próximo texto.
O Califado Ortodoxo contou
com outros califas que sucederam Abū Bakr, que foram ᶜUmār (que governou de 634
a 644), ᶜUtmān (de 644 a 656) e ᶜAlī (soberano de 656 a 661). Nesse
período, o Império Islâmico – assim pode ser chamado a partir do califado de ᶜUmār
– se expandiu pelo Oriente Médio e norte da África. Marcado por conflitos
políticos internos, esse califado chegou ao fim, levando ao poder a família
omíada no ano de 661. Antes de continuar, vamos
entender mais sobre o termo “califa”. Eu já disse que o termo faz menção aos
“sucessores do Profeta”, mas há mais a se falar sobre isso.
O equivalente técnico para o
termo era “Imām Supremo” e o equivalente honorífico era “Príncipe dos
Crentes”. Os califas não eram considerados profetas, mensageiros divinos ou
porta-vozes de revelações. Como dito na aula anterior, religiosamente, a última
mensagem divina foi expressa à humanidade por meio do Profeta Muḥammad. Embora
ainda mantivessem uma aura de santidade e escolha divina, a autoridade dos
califas era política. O termo, pronunciado em árabe clássico é khalifa, que significa “sucessor”. Sim,
eu pronunciei o “kha” arranhado na garganta, pois é assim a pronúncia no árabe
clássico. Por questões de transliteração para outros idiomas, se convencionou
aqui no Ocidente a pronúncia com “ca”, “califa”. Por questão de respeito, os
muçulmanos sunnitas dizem “Que Deus
esteja satisfeito com eles” ao mencionarem o Califado Ortodoxo ou o nome de
algum dos califas.
A propósito, para
transcrever termos árabes para a nossa língua, utilizo o sistema de
transliteração adotado na obra Tradução
do Sentido do Nobre Alcorão, do Doutor Helmi Nasr, professor de Estudos
Árabes e Islâmicos na Universidade de São Paulo, publicada pelo Complexo de
Impressão do Rei Fahd, da Arábia Saudita, em Medina, em 2005.
Voltando
aos califas ortodoxos...
Para
os muçulmanos sunnitas, o período do Califado Ortodoxo foi uma verdadeira Idade
do Ouro onde floresceram as genuínas virtudes do Islã. Porém, historicamente, a
Idade do Ouro do Islã aconteceria mais tarde durante o apogeu do califado
abássida, cuja soberania foi de 750 a 1258.
Os
quatro califas ortodoxos eram próximos ao Profeta Muḥammad
por laços sanguíneos e matrimoniais. Abū Bakr e ᶜUmār
eram sogros do Profeta, ᶜUtmān era seu genro e ᶜAlī
era seu primo e genro. Os quatro basearam seus regimes no Alcorão e no comportamento
do Profeta, ou seja, no que o Profeta havia feito e dito em diversas ocasiões. Por
meio de acordos econômicos, pregações religiosas e conflitos militares, o Islã,
enquanto entidade política e religiosa, no período do califado ortodoxo, se expandiu
pelo Oriente Médio - abarcando a Palestina, a Síria, o Iraque e o Irã - e pelo
norte da África, abarcando os litorais do Egito e da Líbia.
A capital desse Império
Islâmico ainda era a cidade de Medina. Muitos confundem pensando que era Meca,
mas Meca era e a inda é “apenas” a principal cidade santa do Islã. E sim, já
podemos falar de um Império Islâmico fundado pelos árabes, que se expandiu
levando sua política, religião e língua. Na história humana, a expansão
islâmica foi algo rápido, eficiente, avassalador, realmente memorável. Em
alguns anos o centro da vida política e cultural no Oriente saiu das terras do
Império Bizantino e do Império Sassânida para Meca e Medina. Para explicar o
porquê disso, devemos nos lembrar do contexto do Oriente Médio e do Mundo
Mediterrâneo no começo da Idade Média, contexto esse apresentado na aula
anterior.
Primeiramente, é importante
mencionar que registros arqueológicos indicam que o mundo Mediterrâneo, ou
seja, as terras em torno do mar Mediterrâneo, estavam em declínio devido às
invasões dos povos bárbaros ou germânicos, ao enfraquecimento do mercado urbano
e à não-manutenção dos terraços e obras agrícolas. E não só o mundo
Mediterrâneo enfraquecia, mas também os impérios bizantino e sassânida devido a
epidemias de pestes e longos anos de guerras entre si. Nesse mundo em declínio,
os árabes-muçulmanos conquistadores não eram uma horda tribal desorganizada e
inexperiente, mas uma força organizada. Antes do advento do Islã havia unidades
políticas árabes que entraram em acordo tanto com o Império Bizantino quanto
com o Sassânida, e essas unidades políticas eram responsáveis por proteger as
fronteiras desses impérios. Isso deu a muitos árabes experiência política e
militar. E em termos táticos, o camelo, animal de montaria típico dos árabes,
era mais vantajoso que o cavalo em campanhas militares travadas em grandes
áreas. Isso tudo, além do fervor de convicção dos árabes - ou seja, a
mentalidade de estar fazendo algo certo, que era a vontade de Deus - deu a eles
um tipo diferente de força, como diz o historiador Albert Hourani.
Além disso, devemos ver
também a relação entre os conquistadores árabes-muçulmanos e as populações
conquistadas. Surge daí a questão: como o Islã lidou com pessoas de outras
crenças? Começo mencionando que os muçulmanos baseiam seu comportamento não só
no comportamento do Profeta, mas também no Alcorão, o livro sagrado do Islã, do
qual falaremos mais daqui a pouco. O início do capítulo 02, versículo 256 do
Alcorão, diz: “Não há compulsão na religião!”. Ou seja, um muçulmano não pode
forçar ninguém a se converter, logo, é recomendada a tolerância, principalmente
com o chamado “Povo do Livro”, que são os judeus e os cristãos, fiéis que
também se baseiam em escrituras consideradas sagradas e reveladas.
Sendo assim, os califas
muçulmanos toleraram em seus domínios membros de outras crenças a partir do
estabelecimento de acordos. Tais acordos estipulavam o pagamento de impostos,
garantindo aos não-muçulmanos em território islâmico proteção e autonomia em
seus assuntos desde que nesses assuntos não estivessem incluídos muçulmanos, caso
contrário, a lei islâmica deveria julgar os episódios.
O versículo 29 do capítulo
09 ordena a cobrança do al- jizyah especificadamente
aos judeus e cristãos, o Povo do Livro. O valor da al-jizyah variava entre 12 e 48 dracmas por pessoa. Esse valor era
usado para o orçamento do Estado e para proteger seus pagantes de qualquer
ameaça. As maiores relações de tolerância e coexistência religiosa foram
observadas na Espanha medieval, mas sobre isso teremos um texto específico.
Albert Hourani afirma que as
populações conquistadas pelos árabes-muçulmanos não se importavam muito, no
geral, com quem os governava - se fossem gregos, iranianos ou árabes - desde
que tivessem segurança, paz e impostos razoáveis. E foi exatamente isso que,
majoritariamente, os conquistadores árabes-muçulmanos levaram inspirados na
mensagem de justiça social do Alcorão. Além
disso, de início os impostos dos novos conquistadores árabes eram menores do
que os antigos soberanos bizantinos e sassânidas, favorecendo ainda mais a
população a aceitar o novo regime islâmico.
Segundo Tamara Sonn, o Islã
não forçava a conversão, mas o sistema de cobrança de impostos a mais para
muçulmanos estimulava econômica e socialmente a conversão. Fora isso, como já
falei, havia a mensagem de justiça social do Alcorão, preocupada com a
igualdade entre os homens e a redução da pobreza e das desigualdades sociais. E
agora é chegada a hora de falarmos do livro sagrado dos muçulmanos, o famoso
Alcorão.
Como abordamos no texto anterior, a tradição religiosa considera que a palavra, o discurso de Deus foi
revelada em árabe ao Profeta Muḥammad durante um período de 23 anos, período
esse em que ele ditou o conteúdo e o estilo da Revelação para seus
companheiros. Além de registrarem na memória, registravam em pedras, omoplatas
de camelo, couro de animais e papiros. Segundo Josep Puig Montada, em 633, após
a Batalha de Yamāma, Abū
Bakr recomendou a compilação escrita do Alcorão, tarefa que seus sucessores ᶜUmār
e ᶜUtmān continuaram. No califado
de ᶜUtmān, de 644 a 656, a compilação do Alcorão foi concluída,
estabelecendo assim a versão canônica atual.
O termo “Alcorão” vem do
árabe “al-qur`ān”, que significa “A
Leitura” ou “A Recitação”, fazendo menção à forma de sua revelação ao Profeta,
segundo a religião. O Alcorão é a principal fonte para a lei islâmica, sendo
composto por princípios que regulam a vida desde o aspecto privado ao social,
mas como contém princípios compilados em um espaço e em um período específico,
o livro sagrado precisa ser interpretado e analisado tendo em conta essa noção
de contextualização da mensagem e segundo alguns critérios e com obras legais
complementares, que surgiram posteriormente durante a expansão islâmica.
E como eu disse no texto anterior, o Islã aceita partes das consideradas revelações divinas anteriores a
outros povos, como judeus e cristãos. Tanto que 1/3 das histórias narradas no
Alcorão serem encontradas na Bíblia.
O Alcorão registra a língua
árabe em sua forma clássica, chamada de fuṣḥa. Fazendo uma comparação por alto, registra a língua em sua forma
clássica tal como a obra Os Lusíadas,
de Camões, registra o português em
sua forma clássica, sendo um marco da língua portuguesa. O árabe clássico deu
origem ao árabe literário moderno e ao árabe literário moderno falado ou árabe
coloquial, chamado de amia. O árabe
clássico não é muito falado no cotidiano dos países árabes, mas é o árabe dos
contextos religiosos e eruditos. Segundo o estudioso Josep Puig Montada, o
árabe clássico é bastante semelhante ao árabe falado pelos beduínos antes do
surgimento do Islã, tanto que ele e Albert Hourani concordam que os gramáticos
árabes, no século IX, recorreram a beduínos para tratar sobre dúvidas e
disputas em relação à língua.
O estilo de escrita do
Alcorão, bem como sua proclamação, recitada, praticamente cantada, também tem
suas relações com a poesia árabe pré-islâmica, mas isso requer um estudo à
parte. O importante é lembrar que, junto à religião, a língua árabe,
considerada para o Islã como a língua escolhida por Deus para a Revelação, se
difundiu, tornando-se uma das grandes características culturais do chamado
mundo árabe-islâmico ou apenas mundo islâmico.
No
período medieval, os convertidos de origem não árabe liam o Alcorão em árabe,
isso, obviamente, incentivou a propagação do idioma. Para Albert Hourani, em
certos lugares o árabe se expandiu antes mesmo do advento do Islã, por meio de
tribos nômades, como no interior da Síria e no oeste do Iraque, onde grande
parcela da população já falava árabe no contexto da conquista muçulmana. Mas,
para Josep Puig Montada, tais populações não foram significativas para a
expansão do idioma árabe. Conforme esse autor, essas tribos árabes assentadas
nos desertos sírios e egípcios representaram pouco para a consolidação da
língua.
Já
vemos aqui dois sentidos para o termo árabe: aquele indivíduo originário da
Península Arábica, ou aquele indivíduo que fala árabe. Lembrando que “árabe” e
“muçulmano” não são sinônimos. Por ter surgido no Oriente Médio, o Islã tem
forte relação com a cultura árabe, e muitos árabes são muçulmanos, mas o Islã
se expandiu mais do que a cultura árabe, tanto que a geografia de alcance da
cultura islâmica é bem maior do que o mundo árabe, vamos comparar os mapas.
Os
quatro países com maior número de muçulmanos, por exemplo, não são de cultura
predominantemente árabe. Esses países são, em ordem decrescente de número de
muçulmanos: Indonésia, Paquistão, Índia e Bangladesh.
De
todo modo, quanto mais fiéis o islã conseguia, mais usuários do árabe surgiam.
De início não houve tal adesão expressiva, pois a língua árabe era desconhecida
para a maioria da população conquistada. Nos primeiros tempos de expansão do
Islã, o árabe não era predominante na administração e na vida cotidiana.
Herdando populações e estruturas dos impérios bizantino e sassânida, as
primeiras administrações árabes utilizavam também as línguas desses impérios,
como o latim, o grego, o copta e o persa. A conquista árabe, além de levar sua
língua como toda expansão imperial, também incluiu repovoamento, levando uma
massa crítica arabófona – falante de árabe - de uma superpovoada Península
Arábica para outras regiões, permitindo que aos poucos o árabe substituísse o
grego e as línguas locais.
Os califas ortodoxos criaram
a base de uma administração civil, mas com o tempo seus regimes não puderam
resolver os problemas que surgiam em uma sociedade em expansão. O Islã enquanto
sistema legal ainda não estava consolidado e, na prática, os califas ortodoxos
eram mais vistos como árbitros e conselheiros do que como soberanos, tendo
poder para estabelecer decisões. Governadores na Síria e no Iraque tentavam se
tornar cada vez mais independentes do governo de Medina. Além disso, havia os
conflitos internos que deram origem a maior separação religiosa e política entre
a comunidade, influenciado no futuro surgimento do sunnismo e do xiismo, como
veremos adiante em outras aulas. Logo, conclui-se que o Califado Ortodoxo
também foi marcado por guerra civil.
Por enquanto, precisamos
saber que os conflitos internos se davam na questão da sucessão do cargo de
califa e nas escolhas arbitrárias de alguns califas ortodoxos para essas sucessões.
Foram palco desses conflitos as cidades-acampamentos, que eram os acampamentos
militares estabelecidos em terras conquistadas que deram origens a núcleos
urbanos e futuras cidades, como Basra e Kufa no Iraque e Cairo no Egito.
A disputa pelo poder levou
ao assassinato de ᶜUmār por motivos de vingança pessoal e ao assassinato de ᶜUtmān
em um movimento de revolta em Medina apoiado por soldados do Egito. O pretendente à sucessão de ᶜUtmān
foi ᶜAlī Ibn Abi Talib, convertido antigo, primo do Profeta e esposo de Fátima,
filha do Profeta. Contra ᶜAlī estavam os parentes de ᶜUtmān. Estes se
concentraram na cidade-acampamento de Basra e ᶜAlī e seus apoiadores se
estabelecerem em Kufa. ᶜAlī derrotou seus opositores, mas se viu diante de Muaᶜawiya,
da dinastia omíada, parente próximo de ᶜUtmān e governador da Síria. Após
se enfrentarem, as duas forças concordaram com uma arbitragem, uma trégua, tendo
delegados dos dois lados. Devido a isso, alguns seguidores de ᶜAlī o
abandonaram e seu poder enfraqueceu. Para esses seguidores, a trégua submeteu a
vontade de Deus à vontade humana. Nos meses seguintes ᶜAlī acabou sendo
assassinado em sua própria cidade, Kufa. Então Muaᶜawiya se proclamou califa,
dando origem à dinastia omíada, que governou o Império Islâmico de 661 a 750 e
sobre a qual faremos um estudo no próximo texto.
Até logo e que a paz esteja com todos!
REFERÊNCIAS
ALCORÃO NOBRE. Tradução do sentido para a língua portuguesa por Helmi NASR. Al-Madinah: Complexo do Rei Fahd, 2005.
HOURANI, Albert. Uma História dos Povos Árabes. São Paulo: Companhia das Letras, 2ª edição, 9ª reimpressão, 1994.
MONTADA, Josep Puig. A língua árabe. In: PEREIRA, Rosalie Helena de Souza (org.). O Islã Clássico: itinerários de uma cultura. São Paulo: Perspectiva, 2007. p. 51-67.
SALGADO, Felipe Maíllo. Diccionario de Historia Árabe & Islámica. Madrid: Abada Editores, 2013.
SONN, Tamara. Uma Breve História do Islã. Rio de Janeiro: José Olympio, 2011.
REFERÊNCIAS
ALCORÃO NOBRE. Tradução do sentido para a língua portuguesa por Helmi NASR. Al-Madinah: Complexo do Rei Fahd, 2005.
HOURANI, Albert. Uma História dos Povos Árabes. São Paulo: Companhia das Letras, 2ª edição, 9ª reimpressão, 1994.
MONTADA, Josep Puig. A língua árabe. In: PEREIRA, Rosalie Helena de Souza (org.). O Islã Clássico: itinerários de uma cultura. São Paulo: Perspectiva, 2007. p. 51-67.
SALGADO, Felipe Maíllo. Diccionario de Historia Árabe & Islámica. Madrid: Abada Editores, 2013.
SONN, Tamara. Uma Breve História do Islã. Rio de Janeiro: José Olympio, 2011.
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