Comprando os
livros estudados para este vídeo pelos links a seguir, você colabora com uma
pequena comissão para o Orientalismo na Rede!
“Maomé: uma biografia do Profeta” (ARMSTRONG,
Karen)
“Uma História dos Povos Árabes” (HOURANI,
Albert)
“Diccionario de Historia Árabe e Islámica”
(MAÍLLO SALGADO, Felipe)
Explicando o Ramadan
Por Thiago Damasceno
Ramadan! Já
ouviu essa palavra, certo? Mas o que essa palavra nomeia: um mês? Um tipo
especial de jejum? Quando começou? Fiquem calmos e respirem fundo porque hoje
vamos aprender sobre isso.
Introdução
O Islã tem 5 pilares: a fé
(ou testemunho da fé), a oração, o zakat (que pode ser entendido com um
tributo social e religioso), o jejum durante o Ramadan e a peregrinação
a cidade santa de Meca.
"Ramadan" é o nome do nono mês do calendário islâmico. Na ordem dos meses, é como se fosse o mês de Setembro do calendário cristão. Enquanto que o calendário cristão é solar, o calendário islâmico é lunar, baseado nas observações da Lua, por isso o ano islâmico tem, ao todo, 354 dias, podendo ter 6 meses com 30 dias e outros 6 meses com 29 dias. Sendo assim, o jejum do Ramadan começou na semana passada, exatamente na quinta-feira, dia 17 de maio. O número total de dias do mês vai depender das observações da Lua. Lembrando que estamos no ano islâmico 1439, ou seja, no ano 1439 após a Hégira do Profeta.
Uma curiosidade: "Ramandan" é uma convenção de pronúncia em português, ou pelo menos em boa parte do mundo ocidental. A pronúncia correta, em árabe clássico e em sentido religioso é "Ramaḍān" ou "Romaḍān". Em ambas as pronúncias, o "ḍ" é grave, pesado: "ḍān".
"Ramadan" é o nome do nono mês do calendário islâmico. Na ordem dos meses, é como se fosse o mês de Setembro do calendário cristão. Enquanto que o calendário cristão é solar, o calendário islâmico é lunar, baseado nas observações da Lua, por isso o ano islâmico tem, ao todo, 354 dias, podendo ter 6 meses com 30 dias e outros 6 meses com 29 dias. Sendo assim, o jejum do Ramadan começou na semana passada, exatamente na quinta-feira, dia 17 de maio. O número total de dias do mês vai depender das observações da Lua. Lembrando que estamos no ano islâmico 1439, ou seja, no ano 1439 após a Hégira do Profeta.
Uma curiosidade: "Ramandan" é uma convenção de pronúncia em português, ou pelo menos em boa parte do mundo ocidental. A pronúncia correta, em árabe clássico e em sentido religioso é "Ramaḍān" ou "Romaḍān". Em ambas as pronúncias, o "ḍ" é grave, pesado: "ḍān".
Há essas duas pronúncias do r
com o som da vogal a, “rá”, ou com o som da vogal “o”,“ró”. Eu
prefiro falar com “rá”: Ramaḍān. Aqui, obedecendo ao uso comum da palavra,
vou utilizar “Ramadan” mesmo, mas lembrando, a pronúncia em árabe
clássico é “Ramaḍān” ou “Romaḍān”.
No Ramadan, os
muçulmanos devem evitar algumas coisas, devem se abster de algumas coisas do
nascer ao pôr-do-Sol, o que dá aí um período de mais ou menos 12 horas por dia.
Em certos países, cerca de 18 horas por dia. Logo, as ideias de jejuar o dia
inteiro e durante todo o mês são más informações.
E do que os muçulmanos devem
se abster? De comida, de bebida, de relações sexuais, de pensamentos
pecaminosos, de mentiras e de demais coisas vistas como pecaminosas. Para saber
sobre todas essas proibições é preciso um estudo mais aprofundado sobre
teologia islâmica. Neste texto, quero apenas iniciar uma explicação do tema,
então saibam isso: o Ramadan é o nono mês do calendário islâmico, quando
os muçulmanos devem, da alvorada ao pôr-do-Sol, fazer jejum de comidas,
bebidas, sexo, mentiras, dentre outras coisas.
Lembrando que o ano cristão
622 é equivalente ao ano 1 islâmico. No ano cristão 624, ou ano islâmico 2, o
jejum do Ramadan passou a se tornar obrigatório para todo muçulmano e
muçulmana que tenham atingido a puberdade e que tenham saúde física e mental.
Regras
e Tradições
Até agora tudo entendido!
Mas e quem não puder jejuar? O Islã também tem regras para isso (e para outros
diversos temas e casos). Para quem estiver doente, for idoso, estiver em viagem
ou grávida ou amamentando é permitido a quebra do jejum, mas o jejum deverá ser
realizado, pelo mesmo número de dias, em outra época do ano, em um período mais
propício para essa pessoa em condições especiais. Se, mesmo assim houver
incapacidade física para realizar o jejum, o fiel deve alimentar uma pessoa
necessitada, sendo ela muçulmana ou não, para cada dia não jejuado.
O Ramadan é o mês
santo por excelência dos muçulmanos, pois é nele que se comemora a Noite do
Decreto (Al-laylatu al-qadr), quando,
segundo as tradições religiosas, Deus autorizou a descida de Sua Palavra, o
Alcorão, aos homens. Então, o Ramadan não deixa de ser uma festividade
religiosa.
Como consequência da Noite
do Decreto, houve a Revelação da mensagem divina ao Profeta.
Conta uma tradição que, na chamada Noite do Poder ou
Noite do Destino, enquanto meditava em uma das cavernas nas cercanias de Meca,
o arcanjo Gabriel apareceu a Muḥammad ordenando-o a recitar a mensagem divina.
Mesmo sendo iletrado, Muḥammad recitou a palavra de Deus pela primeira vez a
partir do que ouviu do Arcanjo Gabriel. Isso foi o início da atividade
religiosa do até ali mercador. Acredita-se que era o ano de 610 e que Muḥammad
tinha cerca de quarenta anos. Daí em diante, ele divulgou sua mensagem: só há
um Deus, Criador de tudo, todos e de todas as coisas.
Mais uma curiosidade: antes do advento do Islã, os árabes
politeístas também consideravam o Ramadan como mês sagrado, sendo também
comum nesse período a prática do jejum. O Islã ressignificou as atividades
religiosas do mês, ou seja, lhe deu novos significados e sentidos,
associando-as ao monoteísmo defendido por Muḥammad.
Espiritualidade e Memória
O Ramadan tem forte significado
espiritual para a Umma, a comunidade dos muçulmanos, e é o mês em que se
considera que a graça de Deus flui sobre a comunidade dos fiéis. Vejamos alguns
significados espirituais desse mês.
No Ramadan, o jejum é
encarado como um método de purificação espiritual e pessoal. Provando os
desconfortos mundanos, mesmo por um curto período, 1 mês, o fiel pode adquirir
simpatia pelas pessoas necessitadas e, ao mesmo tempo, desenvolver sua vida
espiritual.
O Ramadan é um mês de
reflexão espiritual no qual os muçulmanos devem se dedicar ainda mais à humildade,
às boas ações, à caridade e à generosidade. É tempo de autocontrole e
autodisciplina, tempo para o fiel educar o corpo e a mente para vencer os
desejos humanos e se aproximar do Divino. Por isso, não é raro não-muçulmanos
serem convidados para a quebra do jejum e para demais eventos envolvendo o mês
sagrado. Em países oficialmente islâmico e/ou, de maioria muçulmana, é comum
que a quebra do jejum, ou seja, a refeição após o pôr-do-Sol, seja um evento
coletivo grande, uma atividade social e tanto, na qual as pessoas são
convidadas umas às casas das outras para comer.
Logo, os significados do Ramadan envolvem atividades de partilha
com o próximo, de comunhão coletiva e social, desde com a comunidade mais
próxima dos muçulmanos, seus vizinhos, muçulmanos ou não, à comunidade maior
dos fiéis em certa localidade.
Assim, como defende o
historiador Felipe Maíllo Salgado (2013), o Ramadan é, para a comunidade
muçulmana, um testemunho de unidade, o que dá identidade à Umma, e
também um testemunho de solidariedade.
Para finalizar, ainda
conforme Maíllo Salgado (2013), no decorrer do Ramadan também são
lembrados outros eventos e/ou narrativas. Exemplos: os xiitas relembram o
nascimento de Husayn, neto do Profeta; a morte de Ali, primo e genro do
Profeta; e ambos, xiitas e sunnitas, rememoram a morte da primeira esposa do
Profeta, Khadija; a Batalha de Badr, que foi a primeira batalha entre os
muçulmanos e os habitantes de Meca e a tomada de Meca pelos muçulmanos.
Referências
ARMSTRONG, Karen. Maomé:
uma biografia do Profeta. São Paulo: Companhia das Letras, 2002.
HAYEK,
Samir El. Compreenda o Islam e os muçulmanos. Edição especial do
Instituto Latino-Americano dos Estudos Islâmicos – Brasil; Supervisão Mabarrat
“Manábi´il Khair” – Kuwait.
HOURANI, Albert. Uma
história dos povos árabes. 2 ed. São Paulo: Companhia das Letras,
1994.
MAÍLLO SALGADO, Felipe. Diccionario de historia
árabe & islámica. Madrid: Abada Editores,
2013.
Nenhum comentário:
Postar um comentário